quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

SEMINÁRIO DE INCLUSÃO 2012

estudo de caso para projeto

CASO DE ROBERTO

Etapa 1 - Apresentação do problema

Roberto apresenta deficiência intelectual e uma leve deformidade no crânio, provavelmente

originada durante o parto. Ele tem 13 anos e cursa o quarto ano em uma escola pública. Roberto vive numa instituição para crianças/adolescentes órfãos. Ele se encontra em estágio inicial (nível pré-silábico) do desenvolvimento da linguagem escrita. Nas atividades de leitura e escrita, apresenta comportamento que ora oscila entre um interesse maior e um interesse menor por tais atividades. Roberto apresenta dificuldade de concentração, permanecendo um curto espaço de tempo interessado pelas atividades.

Em sala de aula, apresenta uma agitação permanente, deslocando-se constantemente e

muitas vezes fugindo desse ambiente, visto que não se interessa pelas atividades propostas

pela professora. Depois de inúmeras tentativas com diferentes propostas de atividades, a professora percebeu que ele compreende melhor as atividades de linguagem escrita em contexto de jogo. Ele manifesta grande interesse por jogos, e apresenta uma sagacidade particular para compreender regras de jogo e delas se beneficiar para ser o vencedor.

Do ponto de vista motor, ele apresenta dificuldade em sua marcha e, ao andar, arrasta os

pés sem flexionar os joelhos. Na motricidade fina, apresenta dificuldades gráficas no traçado das letras e no desenho. Na escrita do nome próprio ele faz tentativas de copiar seu nome.

Roberto apresenta uma linguagem oral bem articulada, e certa facilidade em se expressar

e compreender o que lhe é solicitado. Ele se relaciona bem com os colegas e com a professora e é bastante ligado a dois colegas da turma, os quais ele diz que são seus irmãos. Os dois garotos residem na mesma instituição em que Roberto.

Encontro com os profissionais da instituição onde Roberto reside

A professora do AEE realizou uma entrevista com a assistente social da instituição onde

Roberto reside para coletar informações. A assistente social relatou que ele chegou com poucos dias de vida na instituição. Seu estado de saúde era bastante grave, estava subnutrido e apresentava muita dificuldade para sugar a mamadeira. Até a idade de quatro anos, ele dependia dos funcionários para alimentar-se, porque tinha muitas dificuldades para levar a colher até a boca. Ela descreveu a infância de Roberto como um período alternado por muitos problemas de saúde e de comportamento. Era uma criança agitada e, ao mesmo tempo, retraída e que chorava muito. Com o passar do tempo, Roberto tornou-se um jovem mais sociável.

Atualmente possui muitos amigos e considera dois deles como irmãos. A assistente social,

apesar de considerar Roberto um adolescente inquieto, observa que ele manifesta interesse particular por jogos, mantendo-se por longos períodos concentrado quando está em situação de jogo com os amigos da instituição. A convivência de Roberto com alguns profissionais da instituição não é muito tranqüila, porque freqüentemente eles se queixam de sua inquietação e comportamento agitado. Quando solicitado a cooperar com as atividades domésticas,

Roberto demonstra insatisfação e se nega a realizá-las.

Em relação à vida escolar, até a idade de nove anos, ele freqüentou uma classe especial. De

acordo com as declarações da assistente social, durante o período em que ele estudava na

classe especial, foi observada significativa regressão em seu comportamento. Ele passou a

apresentar reações infantilizadas, requerendo cuidados especiais em muitas atividades da vida diária. Ele nunca freqüentou qualquer atendimento clínico ou educacional e permaneceu

na classe especial até a idade de nove anos, quando foi possível sua matrícula em uma sala

de aula regular de uma escola da rede pública.

Aos dez anos, Roberto ingressou no primeiro ano no ensino regular e, a cada ano, foi promovido, permanecendo na mesma escola até o terceiro ano. Seus professores não demonstravam preocupação com sua aprendizagem. Eles declaravam que o mais importante para Roberto era a socialização. Ele não levava tarefas para casa, e seus livros e cadernos voltavam para casa sem nada escrito. Segundo esta profissional, Roberto não gosta de fazer suas tarefas da escola, nem manifesta interesse por elas, assumindo sempre uma atitude de rejeição, afirmando que não sabe fazê-las.

A partir do quarto ano, a mudança de escola possibilitou que ele freqüentasse o AEE.



Encontro com a professora de Roberto

A professora do AEE realizou uma entrevista com a professora de sala de aula de Roberto

com a finalidade de reunir informações sobre sua aprendizagem. Ela relatou que, em sala

de aula, Roberto raramente atende suas solicitações relativas à realização das atividades,

demonstrando falta de interesse por toda e qualquer tarefa que envolva leitura e escrita.

Nesse aspecto, a professora relatou que Roberto encontra-se no nível pré-silábico de aquisição da escrita.

A professora mencionou que Roberto apresenta um comportamento impulsivo diante de

suas solicitações em sala de aula. Ele frequentemente interrompe as tarefas que está fazendo, mesmo antes de concluí-las. Tem dificuldade de se organizar para iniciar o que lhe é pedido e parece não compreender as orientações relativas às tarefas.

Segundo a professora, os problemas motores de Roberto comprometem de modo significativo as atividades de desenho e de escrita, porque ele tem dificuldades de segurar o lápis e apresenta tremores involuntários na sua mão.

A professora relatou ainda que Roberto solicita regularmente sua ajuda e a dos demais colegas durante a realização de uma atividade. É muito inquieto e circula frequentemente na sala de aula sem objetivo preciso, interferindo na concentração de seus colegas.

Observações do aluno em sala de aula e nas dependências da escola

Em sala de aula, Roberto manifesta os comportamentos descritos pela professora, demonstra muita agitação e não se implica nas atividades escolares. Em relação à sua aprendizagem, ele oscila quanto ao seu interesse pelas atividades, ora demonstrando envolvimento e em outros momentos não. Seu interesse se concentra nas situações de jogo. A agitação em sala de aula parece ter relação tanto com suas características pessoais quanto com a forma como a professora está organizando a situação de ensino e aprendizagem.

Na maioria das situações didáticas, a professora de Roberto prioriza o ensino para todo

o grupo de alunos alternando com atividades individuais. As atividades individuais propostas

pela professora indicam a falta de preocupação em relação a capacidade de Roberto

em atender suas solicitações. Frequentemente ele faz apelos a professora, solicitando

sua mediação. No entanto, a atitude passiva dela diante dos apelos do aluno revela sua

falta de interesse pelas necessidades de Roberto.

Nas atividades de linguagem escrita propostas pela professora de sala de aula, quando ele

aceita usar o lápis manifesta muita dificuldade para efetuar qualquer traçado, ocasionando

irritação e atitude de desistência pelas atividades dessa natureza.

A professora do AEE percebeu que Roberto possui alguns amigos, e eles aceitam bem sua

presença especialmente durante as atividades de jogo de regras. Estas acontecem em muitas ocasiões nas brincadeiras realizadas no pátio da escola. Nas atividades esportivas, os colegas não aceitam sua companhia, porque sua dificuldade motora compromete o resultado dos jogos, especialmente o futebol. Roberto demonstra muita tristeza durante as partidas de futebol porque sempre fica no lugar de espectador.



A partir do estudo de caso do Roberto elabore o plano de AEE


EDUCAÇÃO ESPECIAL

A Educação Especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis e etapas da educação, tendo o AEE como parte integrante do processo educacional. Deve ser presente, atuante e estar em acordo com o Projeto Político Pedagógico da escola, envolvendo toda a comunidade escolar.
A educadora se dispõe ao AEE, realizando atendimentos específicos aos alunos com Necessidades Educacionais Especiais e à Educação Inclusiva, orientando equipe diretiva, professores, famílias, turmas de alunos, funcionários, estando sempre aberta ao diálogo.